No futebol nada está garantido. É um jogo de habilidades com os pés e exploração da inteligência. Muitas vezes a equipa que joga melhor com os pés não ganha à equipa que joga melhor com a cabeça.


quinta-feira, 3 de junho de 2021

ENZO PÉREZ: O Guarda-Redes improvisado

Destaco o coração dos futebolistas que estiveram em campo, como se ajudaram, como jogaram pelas pessoas que acreditavam neles. É uma alegria em momentos tão dificeis, conseguirmos tirar um sorriso aos adeptos nesta noite mágica de Taça.”

MARCELO GALLARDO

Em jogo a contar para a Taça Libertadores contra o Santa Fé (Colômbia), no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, o River Plate viu-se  condicionado a apresentar apenas 11 jogadores, com recurso a alguns jovens, e com o médio Enzo Pérez à baliza por estar lesionado.

Os “Milionários” sofreram um surto de Covid-19 que provocou a ausência de 20 jogadores, incluindo todos os Guarda-redes inscritos. Mesmo assim os 11 elementos disponíveis levaram o jogo até ao fim e conseguiram uma vitória histórica por 2-1.






JOSÉ MOURINHO: Taça dos Campeões 2004

Na minha carreira, foi o momento mais bonito por essa criação a partir do zero. Gosto de dizer que é nosso. Construímos todos juntos. Foi a nossa obra prima principal”.

JOSÉ MOURINHO


A 26 de maio de 2004 José Mourinho conquistou a sua primeira Liga dos Campeões, na Arena AufSchalke, em Gelsenkirchen, na Alemanha, quando o FC Porto venceu o AS Monaco por 3-0 na final.

José Mourinho foi contratado pelo FC Porto em 2002, prometeu que iria ser campeão na época seguinte e construiu uma equipa “praticamente do zero” para conquistar 2 Ligas portuguesas, 1 Taça de Portugal (1-0 frente à União de Leiria), 1 Supertaça nacional (1-0 frente à União de Leiria), 1 Liga Europa/Taça UEFA (3-2 frente ao Celtic Glasgow) e 1 Liga dos Campeões (3-0 frente ao AS Monaco).

Era o FC Porto de Vítor Baía, Nuno Espírito Santo, Jorge Costa, Nuno Valente, Paulo Ferreira, José Bosingwa, Ricardo Carvalho, Costinha, Pedro Mendes, Maniche, Dmitri Alenichev, Carlos Alberto, Deco, Derlei, Edgaras Jankauskas, Benni McCarthy entre outros.

Em 2004 José Mourinho saiu do FC Porto para o Chelsea FC onde iria continuar a escrever a sua história, mas como Special One.




quarta-feira, 2 de junho de 2021

O DESASTRE DE HILLSBOROUGH


O dia 15 de abril de 1989 ficou marcado, em Inglaterra, pelo denominado "Desastre de Hillsborough", quando no jogo entre o Liverpool FC e o Nottingham Forest (a contar para as meias-finais da Taça de Inglaterra), disputado no Estádio Hillsborough do Sheffield Wednesday Football Club, a sobrelotação, o estado de conservação do estádio e também por negligência dos responsáveis pela segurança, morreram 96 adeptos e 766 outros ficaram feridos.

A área destinada aos adeptos do Liverpool FC já se encontrava esgotada, com cerca de 14.600 espectadores, no entanto, cerca de 5 mil adeptos dos “reds” ainda se encontravam no exterior do estádio e a tentar forçar a entrada dado que o encontro estava prestes a começar.

Perante o cenário e a incapacidade em controlar a situação, a polícia ordenou a abertura de um portão lateral que dava acesso a um dos túneis de entrada para a bancada, promovendo o avanço incontrolado e desorientado dos adeptos que se concentraram na mesma zona.

Com isso, os adeptos já instalados foram sendo empurrados contra as grades e os adeptos no exterior, sem conhecimento da situação, continuaram a forçar a entrada.

O árbitro Ray Lewis deu início ao encontro, mas 7 minutos depois teve de o interromper devido ao facto de haver espectadores a trepar as grades e por recomendação das forças policiais. Não demorou muito tempo até o muro ceder à pressão e tornar evidente a severidade do desastre.

A 7 de maio, o Liverpool FC de Kenny Dalglish venceria o Nottingham Forest de Brian Clough por 3-2 e apurar-se-ia para a final da Taça de Inglaterra. A 20 de maio na final, em Wembley, conquistaria o troféu ao vencer o Everton FC de Colin Harvey por 3-2, com um golo de Ian Rush no prolongamento. No entanto, aqueles 96 adeptos não puderam festejar a conquista.

Depois do que aconteceu em Heysel, o desastre de Hillsborough contribuiu decisivamente para que os gradeamentos fossem retirados dos estádios e outras medidas de segurança e controlo fossem implementadas.








TORINO: A Tragédia de Superga

4 de maio de 1949 é a data da Tragédia de Superga. O avião Fiat-G212 da ALI que tinha a bordo 31 pessoas enfrenta um temporal e acaba por embater numa das paredes da Basílica de Superga.

Ninguém sobreviveu, incluindo 18 jogadores do “Grande Torino” (o clube 5 vezes campeão de Itália na década de 40 e um dos grandes da Europa), e entre eles jogadores da selecção transalpina (no final da década de 40, 10 dos 11 títulares da Squadra Azzurra eram jogadores da formação grená), como o melhor de todos Valentino Mazzola.

A equipa do Torino regressava de uma deslocação a Lisboa, onde participou num jogo de homenagem ao capitão do SL Benfica Francisco "Xico" Ferreira (Benfica-4-Torino-3).

Os jogadores que faleceram em Superga: Aldo Ballarin, Danilo Martelli, Dino Ballarin, Eusebio Castigliano, Ezio Loik, Franco Ossola, Giuseppe Grezar, Guglielmo Gabetto, Julius Schubert, Mario Rigamonti, Milo Bongiorni, Piero Operto, Romeo Menti, Rubens Fadini, Ruggero Grava, Virgilio Maroso, Valerio Bacigalupo, Valentino Mazzola.




A TRAGÉDIA DE FURIANI

5 de maio de 1992 é a data da Tragédia de Furiani. Num jogo a contar para as meias-finais da Taça de França de 1991/92, o SC Bastia recebia o Olympique de Marseille de Chris Waddle, Didier Deschamps ou Jean-Pierre Papin, no estádio Armand Cesari, em Furiani - Córsega, e o presidente do Bastia Jean-François Filippi (também presidente da Câmara de Lucciana), tal como já tinha promovido no jogo dos quartos de final com o Nancy, resolveu aumentar a capacidade do estádio com a instalação de uma estrutura metálica desta vez para uma lotação de 9.300 espectadores, para alcançar um total de 18 mil pessoas nas bancadas.

Para o efeito decidiu demolir clandestinamente a Tribuna Norte do estádio e instalar a tal bancada provisória para satisfazer a todos os adeptos. Antes do jogo começar e perante o excesso de adeptos naquela zona, a bancada provisória deficientemente instalada cedeu e acabaram por falecer 18 pessoas e registar 2357 feridos.

Jean-François Filippi acabou assassinado a 26 de dezembro de 1994, antes do início do julgamento sobre a Tragédia de Furiani.





A TRAGÉDIA DE HEYSEL

A 29 de maio de 1985 a Final da Taça dos Campeões Europeus, entre Juventus FC de Giovanni Trapattoni e Liverpool FC de Joe Fagan, disputada no estádio de Heysel, Bruxelas, ficou marcada pela “Tragédia de Heysel”.

A tragédia foi provocada pelos hooligans ingleses. Os adeptos do Liverpool foram colocados nos sectores X e Y enquanto os da Juventus foram distribuídos pelos sectores M, N e O, no topo oposto. A zona Z, adjacente aos apoiantes do clube inglês, devia ser uma zona neutra para os adeptos sem preferência clubística das equipas envolvidas na final. No entanto, muitos destes bilhetes acabaram por ser vendidos no mercado negro a adeptos da “Vecchia Signora”.

Antes do início do desafio, e depois de vários incidentes nas ruas de Bruxelas, cerca de duas centenas de hooligans ingleses encurralaram adeptos italianos no referido sector Z do Heysel, que recuaram até ao fim da arquibancada: as grades que poderiam permitir a evacuação estavam fechadas e a polícia empurrou de volta quem queria fugir.

Prensadas, as pessoas saltaram para o relvado, com o pânico a levar centenas a serem pisadas e esmagadas contra as grades, que cederam e foram derrubadas. Isto para além da utilização de barras de ferro para agredir os rivais.

O resultado foi a morte de 39 pessoas (32 das quais italianas) e mais de 600 feridos.

Esta tragédia obrigou as entidades a enfrentar o hooliganismo e na sequência do ocorrido os clubes ingleses foram banidos das competições europeias durante cinco anos, com o Liverpool a ser penalizado com mais um ano.

Apesar do sucedido, o jogo da final realizou-se mesmo e a Juventus FC de Platini, Boniek, Paolo Rossi, Tardelli, Scirea, conquistou o troféu ao Liverpool FC de Grobbelaar, Whelan, Kenny Dalglish, Ian Rush, ao vencer por 1-0, golo de Michel Platini.










 

EUSÉBIO DA SILVA FERREIRA: A estreia

“Eusébio fez uma exibição notável e marcou grande golo, em lance individual.”

MOURINHO FÉLIX

 

A 1 de junho de 1961 Eusébio da Silva Ferreira fez a sua estreia oficial pelo SL Benfica, num jogo a contar para a Taça de Portugal frente ao Vitória de Setúbal, no qual marcou um golo e falhou um penalty.

A 23 de maio de 1961, Eusébio já se tinha estreado com a camisola encarnada num jogo amigável frente ao Atlético Clube de Portugal, do guarda-redes Bastos, no qual apontou 3 golos na vitória  encarnada por 4-2. “Poderia ter feito melhor. O terreno estava muito molhado”, afirmou Eusébio no fim.

No entanto, a estreia oficial ficou registada num jogo a contar para a segunda mão dos oitavos de final da Taça de Portugal, no Campo dos Arcos, em Setúbal, frente ao Vitória FC.

O SL Benfica tinha acabado de conquistar a Taça dos Clubes Campeões Europeus e por isso a equipa principal não estava disponível para realizar o encontro no dia seguinte, no entanto, o Vitória de Setúbal recusou adiar o jogo quando na primeira mão tinha perdido por 3-1, e assim o “Clube da Luz” teve que se apresentar com a equipa de reservas onde se encontrava Eusébio por questões relacionadas com o processo de inscrição.

O Vitória de Setúbal acabou por vencer por 4-1, com 2 golos de Quim e outros 2 de Pompeu, dando a volta à eliminatória. Eusébio marcou o seu primeiro golo oficial, aos 64 minutos, batendo o Guarda-redes sadino Mourinho Félix que, por seu lado, defendeu um penalty do “Pantera Negra”, aos 73 minutos, quando o resultado estava em 3-1.

A 10 de junho de 1961, na última jornada da época 60/61, Eusébio estreou-se pela equipa principal e no campeonato nacional, num jogo frente ao “Os Belenenses” disputado no Restelo em que o SL Benfica venceu por 4-0, tendo marcado o seu primeiro golo na história da competição aos 30 minutos, sagrando-se também Campeão Nacional.
















 

segunda-feira, 31 de maio de 2021

SL BENFICA 1961 - Taça dos Campeões 60/61


“Nunca mais ponho os pés neste estádio maldito”.

ZOLTAN CZIBOR


A 31 de maio de 1961 o SL Benfica de Béla Guttmann conquistou pela primeira vez a Taça dos Clubes Campeões Europeus ao vencer o FC Barcelona de Enrique Orizaola, por 3-2, na final disputada no Wankdorfstadion, Berna, Suiça. O estádio que se tornou maldito para os húngaros, desde o Mundial de 1954, excepto para Guttmann.

O FC Barcelona reunia o maior grau de favoritismo com um quinteto maravilha composto pelo espanhol e Bola de Ouro Luis Suárez, os húngaros László Kubala, Sándor Kocsis, Zoltán Czibor, o brasileiro Evaristo e ainda o Guarda-redes Antoni Ramallets, perante uma equipa portuguesa que saía inesperadamente do anonimato para se afirmar na Europa.

Era o SL Benfica do mestre Béla Guttmann que conseguiu reunir um interessante grupo de jogadores e mentalizá-los em relação às suas qualidades e capacidades. Costa Pereira, Mário João, Ângelo Martins, José Neto, Germano, Fernando Cruz, José Augusto, Joaquim Santana, José Águas (cap), Mário Coluna e Domiciano Cavém foram os “heróis de Berna”.

Nas meias-finais, o SL Benfica afastou os austríacos do SK Rapid Viena em 2 jogos (3-0 / 1-1), enquanto o FC Barcelona ultrapassou os alemães do Hamburgo SV em 3 jogos (1-0 / 1-2 / 1-0).

Na final, o FC Barcelona depressa evidenciou a sua superioridade, com um golo de Kocsis, mas acabou surpreendido pela aplicação e objectividade dos encarnados que aos 55 minutos venciam por 3-1, com golos de José Águas, Ramallets na própria baliza e Mário Coluna.

Depois assistiu-se a um exercício de poder dos “blaugrana” que obrigaram a muita disciplina, espírito de sacrifício e capacidade de superação por parte das “Águias de Lisboa”.

A combinação da combatividade, da fortuna e das traves, “aquellos malditos postes”, consentiram apenas mais um golo, aos 75 minutos por Czibor, e garantiram o primeiro título europeu de um clube português.

José Águas (SL Benfica), com 11 golos, foi o melhor marcador desta edição da Taça dos Campeões, 1960/61.












quinta-feira, 22 de abril de 2021

FUTEBOL E RÁDIO


 

A 22 de janeiro de 1927 o mundo ouviu pela primeira vez uma transmissão radiofónica de um jogo de futebol com Henry Teddy Wakelam a fazer o relato.

Até então, o futebol só podia ser vivido ao vivo, nos estádios. Aconteceu em Inglaterra e, nesse dia, a BBC deu um passo gigante ao levar o jogo Arsenal-Sheffield United para dentro da casa das pessoas.

O produtor Lance Sieveking decidiu dividir o campo com oito quadrados para que o locutor Wakelam pudesse situar o relato o mais fielmente possível.

O resultado foi um empate a um golo e Charlie Buchan, dos Gunners, foi o primeiro jogador a ter um golo narrado pelas ondas radiofónicas. Billy Gillespie, do Sheffield, foi o segundo.

Ouvir futebol na rádio, permite-nos ver um jogo só nosso.



segunda-feira, 19 de abril de 2021

JORGE VALDANO CASTELLANOS

Tenho mais medo do sucesso do que do fracasso. O sucesso torna-nos tão seguros de nós mesmos que não analisamos os factores que nos levam a esse sucesso. Em vez disso, no fracasso há um erro que não se esconde que nos faz reflectir e nesse processo há aprendizagem e isso nos torna melhores.

Nadei o oceano todo para me afogar na praia (Não foi convocado para o Mundial 90).”

Em nenhum lugar aprendi tanto de mim e dos meus semelhantes como num campo de futebol.

"Tento não comparar Messi a Maradona, mas o Messi não está a ajudar."

"Não cortas o nariz só para irritar o rosto."

"O futebol é a recuperação semanal da infância."

"A liderança tem duas formas extremas de exercer o seu poder: inspirando medo ou inspirando afecto."

"O talento é apenas um bom ponto de partida."

Eu amo o futebol porque é o oposto da ciência: contraditório, primitivo, emocional.”

Além de tudo, nenhuma bola teve uma experiência melhor do que quando estava no pé esquerdo de Maradona.

Toda a equipa que trata bem a bola, trata bem o espectador.”

Não podes jogar com Riquelme sem jogar para Riquelme.”

O sucesso massaja-nos o ego.”

O futebol é a coisa mais importante entre as coisas menos importantes.”

Se uma tartaruga foge as outras não a alcançam."

Encontrar um bode expiatório para cada fracasso: É o segredo para ganhar dinheiro com o futebol, sem jogar futebol.

Estar endeusado é justificável quando jogamos como um deus.”

“Jogar contra uma equipa que só defende é como fazer amor com uma árvore.”

Pellegrini é um excelente treinador, mas, às vezes, a excelência deve sacrificar-se em benefício da rentabilidade."

Mortas as ideologias, o mundo ficou na mão de gente prática que anula cérebros sob montanhas de nada.”

Quem ganha credibilidade economiza palavras.”

Os grandes líderes acreditam em si mesmos acima de qualquer receita, e a partir dessa força interior, transmitem e contagiam.

Os sonhos são um território habitado por um inconformista, não por um ilusionista.

A humildade sabe ouvir, gera empatia e gera confiança.

A essência de uma boa equipa é que outro compense o que a um faça falta.”

Uma equipa pode ser um bom lugar para exaltar as virtudes ou um bom esconderijo para não cumprir com as responsabilidades.”

"Cristiano é o ego mais rentável da história do futebol. Tem uma confiança em si mesmo extraordinária e converte isso tudo numa grande capacidade de superação. Existe gente que o ego causa confusão e acabam por ter excesso de confiança. Ele coloca-o a trabalhar todas as semanas."

"Tenho medo que o futebol perca a sua parte selvagem, porque acho que é isso que o torna tão especial. Há um animal escondido em todos nós que precisamos satisfazer de alguma forma e o futebol serve para isso. A tecnologia é o oposto de selvajaria e, além disso, é muito invasivo. Mas o VAR traz mais um ponto de justiça e com isso é muito difícil discordar".

É muito difícil que façam parte da mesma competição clubes que têm o mundo como mercado e os clubes que têm como mercado a sua cidade. A Superliga é uma luta do futuro contra a tradição, e na guerra entre a novidade e a tradição, a novidade vence quase todos os dias”.

JORGE VALDANO