No futebol nada está garantido. É um jogo de habilidades com os pés e exploração da inteligência. Muitas vezes a equipa que joga melhor com os pés não ganha à equipa que joga melhor com a cabeça.


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quinta-feira, 15 de julho de 2021

PABLO AIMAR

Não gosto de ouvir dizer que não há jogadores criativos, sobretudo depois de fazerem 800 treinos automatizados. É muito provável que não haja se tudo for automatizado. Se há algum miúdo com 15 anos que finta os adversários, dizemos-lhe para não o fazer porque perdeu a bola duas ou três vezes. Sim, vão perder a bola duas ou três vezes, ou cinco ou dez…

Entendo a questão do jogo posicional, atacar os espaços, mas acho que nós treinadores temos de prestar atenção a essa suposta ou real falta de criatividade. Com estas defesas em bloco, só um criativo consegue passar. Um criativo é alguém que finta, que inventa algo diferente quando todos os outros fazem a mesma coisa.”

"É preciso criar ambientes criativos para os jovens. O futebol é feito de decisões, de imaginação. Futebol não é xadrez. A torre vai sempre para a frente e para os lados. O cavalo também faz sempre os mesmos movimentos. No futebol não é assim. É preciso deixar que os jovens jogadores errem, caso contrário não podemos esperar jogadores criativos.


O Jorge Jesus dizia que voávamos em Portugal, parecia que tínhamos visto os nossos 20 anos de idade no River. Éramos mais jovens. E realmente voávamos. Essa equipa de 2009/2010, com Javier Saviola, Angel Di Maria, Ramires, Javi García… levantávamos a cabeça e tínhamos jogadores a voar por todos os lados. Impressionante, uma grande equipa ofensivamente.

Há só uma bola e 22 jogadores em campo, e cada jogador só a toca durante 3 minutos em 90. Isso quer dizer que cada jogador, joga 87 minutos sem bola”.

Quem é que sabe mais de futebol? Quem vence? Eu creio que não. Acredito que quem mais sabe de futebol é quem mais ensinamentos deixa. É aí que começa a mãe de todas as conversas. Mas fala-se de outras coisas.”

A equipa de futebol que consegue evitar o pensamento individual, prevalece. Se consegues uma movimentação para que o golo seja marcado por um companheiro, és um génio. Se conseguires oferecer uma solução a um companheiro e que ele salte para as capas de revistas e tu nem sequer apareças, bárbaro, jogas pela equipa. No final de contas, os melhores jogadores de futebol são aqueles que fazem os outros jogarem bem. E eu já tive tipos assim, que não dizem nada, mas que te fazem melhor.”

Leo Astrada ou Roberto Fabián Ayala são jogadores que te dão capas de jornais e nem sequer aparecem. E há outros que fazem ambas as coisas. Fazem-te melhor e também saem na capa dos jornais. Mas esses são eleitos, como Riquelme ou Messi.”

Tive gente que me ensinou e agora devo seguir o caminho a partir das gerações mais jovens. Eu convivi com José Pékerman e até hoje recordo-me dos seus ensinamentos. Parava o treino e perguntava-me: Onde está a solução? Não me dizia, perguntava.”


Acho que só há uma maneira de melhorar um jogador de futebol: a paixão. Sem isso, não há possibilidade de desfrutar. Sem paixão, não há nada no futebol. Necessitamos desse amadorismo. Não podes ir fazer um horário de escritório num treino. Por isso custa-me acreditar em bons jogadores que dizem que não gostam de futebol.”

Somos a última geração que vê jogos inteiros. Hoje estão mais acostumados com o efémero. Um jogo de PlayStation dura apenas 5 ou 7 minutos. Hoje estão mais acostumados aos resumos.”

Conservar o amadorismo não significa não ter estratégia. Significa treinar com um sorriso. É uma filosofia não uma sistematização.”

Com Jorge Jesus aprendi coisas de aplicação do sentido comum, a paixão com que vivia, e deu-me também coisas maiores. Há uma altura em que o físico te pede para não jogares só por instinto. Tens de pensar mais, posicionar-te melhor.

Guardo três ou quatro frases de Jorge Jesus que uso hoje e nas quais ele tem toda a razão. Por exemplo hoje os jovens dizem muito que têm a bola pouco tempo: 'a bola não me chega'. Não há problemas, em ‘90 minutos tocas na bola cerca de três minutos’. 'Dos grandes jogadores, nenhum deles é ansioso'.”

"Os amigos que fiz no futebol são: Javi (Saviola), Guille (Pereyra), Chacho (Coudet), Maxi Pereira (Com quem joguei no Benfica), el Ratón (Ayala), el Flaco Pellegrino."


"O meu filho gosta muitissimo de futebol, está todo o dia com a bola, vemos juntos jogos na televisão, mas zero pressão, não o levei a lado nenhum, que desfrute.”

Creio que ser um bom treinador de treino / adjunto não é o mesmo que ser um bom treinador na óptica da maioria. No final, o bom treinador, para quase todos, é o que obtém resultados, mas, como jogador, os melhores treinadores que tive não foram os que mais títulos ganharam, mas sim os que me melhoraram como futebolista.”

"Para mim algo acontece quando vejo o Messi jogar em qualquer partida e digo: ‘Ninguém joga como este’. E quando vejo vídeos de Maradona passa-se o mesmo.”

Extraordinário é o que Messi faz em todas as partidas, não sei quantos dos grandes monstros da história do futebol jogaram assim em todas as partidas, realmente não sei.”

Quando Messi me pediu a camisola? Sim, ele fez isso várias vezes. Disse-lhe qualquer coisa como: ‘Você está a pedir-me a camisola? Isto é o mundo ao contrário’.”

Uma vez troquei de camisola com o Iniesta, e essa camisola guardo com muito carinho, na realidade com admiração.”

PABLO AIMAR