“Eu quero ganhar sempre tudo. E se não consigo
ganhar tudo, quero ganhar o resto!”
“Eu sou um treinador de futebol, se eu fosse um
escritor poderia falar sobre um romance.”
“O futebol nunca vai morrer. No máximo vai
ter crises.”
“Quando um treinador desenvolve algo novo, deve
primeiro ver se tem os jogadores certos para isso. O jogador é o primário,
o sistema o secundário. Um treinador só tem valor para a equipa se a
equipa o aceitar."
“Hoje não há futebol suficiente nas ruas. O
melhor vinha sempre das ruas. Hoje querem apresentar o futebol escolar
como solução, apetece-me rir. Um Beckenbauer, um Cruyff não vem da escola,
ele só vem da rua. Os melhores jogadores de futebol cresceram sempre nas
piores condições.”
“Sou a favor do futebol ofensivo, o advsersário
deve ser atacado desde cedo, do jogo total. Com um adversário forte, no
entanto, deves primeiro jogar defensivamente e depois contra-atacar
rapidamente.”
“Tem que se nascer para este trabalho. Não há nenhum método
científico de aprendizagem”.
“É preciso talento natural nesta profissão. Conhecimentos
teóricos não são suficientes.”
“Prefiro ganhar por 5-4 do que por 1-0”.
"Um bom meio-campista tem olhos na nuca, esse é o segredo
em poucas palavras."
"Se realmente examinares as tuas próprias opiniões,
normalmente encontrarás uma melhor."
"No futebol, os especialistas só são úteis até certo
ponto. Isso preocupa-me. Podes colocar um diletante em qualquer lugar. Isso
agrada-me."
“O meu primeiro instrutor de treino disse-me: ‘não mostre
medo, Ernstl! Numa inspeção mais detalhada, o ocasional touro furioso não passa
de um boi’."
"Marcações homem a homem, é como juntar onze
jumentos."
"Não quero que o futebol seja o meu hobby. Deixaria
muito pouco tempo para colecionar selos."
"Não sou amigo dos jogadores. Trabalho à
distância."
"Não deves colocar uma parede em redor do hotel da
equipa, mas deves sempre carregar alguns tijolos."
"O amor verdadeiro é sempre destruído por pequenos
pontos de discórdia."
"O azar não justifica este resultado. Azar é fracturar
um pé."
"Um dia sem futebol é um dia perdido."
“Se queremos ter sucesso, temos que aceitar os riscos.“
“Com muitas vitórias, a disciplina vai desaparecendo. Tornamo-nos
muito amigos.”
“Sem falar, jogar futebol!”
ERNST
HAPPEL
Em 30 anos de carreira como treinador de futebol, o austríaco
Ernst Franz Hermann Happel trabalhou no futebol da Holanda, da Bélgica, da
Alemanha e da Áustria, e em todos eles ganhou títulos, integrando o grupo
restrito de treinadores com troféus em pelo menos 4 paises. Da mesma forma, foi
o primeiro a integrar o lote restrito de treinadores que ganharam a Liga dos
Campeões por clubes diferentes e o primeiro a chegar a 3 finais da Liga dos
Campeões por clubes diferentes.
Happel defendia o trabalho de campo e a acção prática contra
a teorização do jogo e dos sistemas, no entanto, há quem defenda que a ideia do
Futebol Total nasceu com as suas
experiências no Feyenoord e que Rinus Michels do Ajax aproveitou para
desenvolver e implementar também na “Laranja
mecânica” holandesa no Mundial 1974. Pelo menos, os princípios da armadilha
do fora-de-jogo, do sistema 4-3-3 e do pressing
colectivo ninguém tira a Happel.
Curiosamente, Happel substituiu Michels no Mundial 1978 e a
selecção laranja conseguiu o mesmo resultado, ou seja o vice campeonato, mas
sem Cruijff.
Ernst Happel iniciou a carreira de treinador no ADO Den Haag
em 1962 e apesar das limitações levou o clube a 4 finais da Taça tendo
conseguido 1
Taça da Holanda na época 67/68. O percurso surpreendente despertou
curiosidades.
Em 69/70 Happel entrou no Feyenoord Rotterdam para substituir
Ben Peeters que tinha sido campeão holandês. Quatro épocas em Roterdão para
manter a rivalidade com o Ajax e alcançar troféus internacionais. Happel
conseguiu a primeira taça europeia para a Holanda, 1 Taça
dos Campeões (1969/70 - Vitória sobre o
Celtic Glasgow por 2-1) que mereceu o seguinte comentário do treinador
escocês Jock Stein: “O Celtic não perdeu
com o Feyenoord. Eu é que perdi com o Happel”.
Durante esse período, o Feyenoord de Happel conquistaria
ainda 1 Taça
Intercontinental (1970 – Vitória sobre os
argentinos do Estudiantes de La Plata com os parciais de 2-2/1-0), que
seria também o primeiro troféu intercontinental para o futebol holandês, e 1 Liga Eredivisie.
Em 74/75, saída para o futebol belga e para internacionalizar
o Club Brugge KV em três épocas. Durante a estadia, Happel conquistou 3 Campeonatos
belgas / Jupiler Pro League, 1 Taça da Belgica, e
conseguiu levar o Brugge a duas finais europeias: Finalista vencido na Taça
UEFA 75/76 (1-1/3-2 com o Liverpool FC de
Bob Paisley) e Finalista vencido na Liga dos Campeões 77/78 (1-0 com o Liverpool FC de Bob Paisley),
sendo o primeiro clube belga a participar na final destas competições.
Depois da experiência na Selecção Laranja no Mundial 78,
regresso à Bélgica para liderar o Royal Standard de Liège em duas épocas (79/80
e 80/81) e conquistar 1 Taça da Bélgica e
1 Supertaça da Bélgica.
Em 1981, o director desportivo Günter Netzer contratou Ernst
Happel para o Hamburger SV com o objectivo de cimentar o crescimento do clube e
ganhar títulos, principalmente internacionais. O mago austríaco não defraudou,
mesmo considerando algumas derrotas inesperadas. Em 6 épocas, conquistou 2 Bundesliga (2
vezes vice-campeão), 1 Taça da Alemanha e 1 Liga dos Campeões (82/83 – Vitória sobre a Juventus de Giovanni Trapattoni por 1-0).
Nas provas internacionais, Happel levou o Hamburgo SV a finalista
vencido da Taça UEFA 81/82 (IFK Göteborg
do novato Sven-Göran Eriksson com derrotas 1-0 e 3-0); Finalista vencido da
Supertaça Europeia 1983 (Aberdeen FC de
Alex Ferguson com 0-0 e 2-0) e foi finalista vencido na Taça intercontinental
de 1983 (2-1 para o Grémio PA de Valdir
Espinosa).
A saída de Happel coincidiu com a queda do Hamburgo SV.
Em 1987, Happel regressou a casa e ao futebol austríaco, não
para treinar o “seu” Rapid Vienna, mas sim o FC Swarovski Tirol (agora FC Wacker Innsbruck) criado no ano
anterior. Em 4 épocas e meia Happel conquistou 2 Campeonatos
austríacos (1 vez vice-campeão) e 1 Taça da Austria.
No início de 1992, Happel foi convidado para orientar a
selecção da Áustria, mas nesse mesmo ano acabou por falecer.