1912 (ESTOCOLMO) V JO: Nesta edição dos
Jogos o português Francisco Lázaro, que integrou a primeira comitiva lusa em
olimpíadas, participou na modalidade de atletismo e na prova da Maratona tendo
ficado na história como a primeira vítima mortal de uns Jogos Olímpicos.
O Comité Organizador
dos jogos negou-se a incluir, inicialmente, o futebol no programa oficial por
considerar que se tratava de uma modalidade de exibição e não de competição.
Devido a certas pressões, o futebol acabou por ser admitido como desporto
olimpico, mas sob a condição da participação de uma equipa por nação,
contrariando as intenções da Grã-Bretanha que pretendia inscrever equipas
representativas de Inglaterra, Irlanda, Escócia e País de Gales. Nestas
Olimpíadas intervieram 11 nações, todas europeias, (Finlândia, Itália, Áustria, Alemanha, Holanda, Suécia, Rússia,
Grã-Bretanha, Dinamarca, Noruega e Hungria).
Nesta edição já não se
registaram tantas goleadas escandalosas, como as ocorridas em Londres,
demonstrando assim o nível crescente do futebol, cada vez mais popular, e com
tendência para o equilibrio entre os diversos paises.
Para além da competição
principal e com acesso às medalhas, a organização promoveu um torneio paralelo,
denominado Torneio de Consolação, destinado aos paises eliminados em fases
prematuras para que pudessem realizar mais jogos.
Tal como em 1908,
Grã-Bretanha, Dinamarca e Holanda repetiram superioridades e Finlândia surgiu
como a grande surpresa da prova. Nas meias-finais, a Grã-Bretanha derrotou a
Finlândia por 4-0 enquanto a Dinamarca vencia a Holanda por 4-1, repetindo a
final anterior. Os britânicos venceram por 4-2, renovaram o título e levaram a
medalha de Ouro.
No jogo para atribuição
da medalha de Bronze a Holanda goleou a surpreendente Finlândia por
esclarecedores 9-0.
Na final do Torneio de
Consolação, a Hungria venceu a Áustria por 3-0.
Assim: Ouro:
Grã-Bretanha; Prata: Dinamarca; Bronze: Paises Baixos.
Harold Walden (GB) e Jan Vos (Holanda) com 8 golos foram os melhores marcadores da competição
oficial seguidos por Anthon Olsen (Dinamarca)
com 7 golos. No Torneio de Consolação, Gottfried Fuchs (Alemanha) foi o melhor marcador com 10 golos, todos obtidos no jogo
com a Russia.
1920 (ANTUÉRPIA)
VII JO:
Nas Olimpíadas de Antuérpia, o futebol adquiriu particular relevo, dado que a
Organização apresentou o Torneio de Futebol como o “I Concurso Mundial” e registou um enorme êxito de participação com
14 selecções europeias (Bélgica, França,
Grã-Bretanha, Espanha, Dinamarca, Jugoslávia, Checoslováquia, Itália, Noruega,
Holanda, Luxemburgo, Suécia, Grécia e Suiça) e 1 selecção do nordeste
africano (Egipto). A Suiça, porém,
acabou por desistir um dia antes da prova começar.
Devido ao conflito
bélico, a relação entre paises europeus estava dividida e as questões politicas
influenciaram decisões desportivas. Alemanha, Áustria, Hungria, Bulgária e
Turquia não foram convidadas a participar e por outro lado Inglaterra, Irlanda,
Escócia e País de Gales decidiram abandonar a FIFA. A Grã-Bretanha, campeã em
título, acabou por participar com uma equipa amadora e saiu cedo da competição.
Nestas Olimpíadas o
torneio de futebol ficou também marcado por diversos incidentes e por
regulamentos algo tendenciosos que incluia o Torneio do Ouro e um Torneio das
Medalhas de Prata e Bronze com uma configuração peculiar e com dependência dos
finalistas ao Ouro.
Nas meias-finais do
Torneio do Ouro, a Checoslováquia (Estado
criado após dissolução do Império Austro-Húngaro derrotado na Grande Guerra)
derrotou a França por 4-1 e marcou encontro na Final com a Bélgica que
entretanto venceu a Holanda por 3-0. Na Final, a Bélgica adiantou-se no
marcador e chegou a 2-0, mas aos 39 minutos a Checoslováquia abandonou o jogo
em protesto contra a arbitragem do inglês Johnny Lewis considerada tendenciosa.
Como se recusaram a regressar ao terreno de jogo os checos foram penalizados
com derrota e desqualificados.
Pela lógica
competitiva, a Holanda e a França deviam decidir a medalha de Prata (com a saida da Checoslováquia) e a
medalha de Bronze na qualidade de semi-finalistas, mas a singularidade dos
regulamentos do torneio afastaram a França, que tinha sido derrotada pelos
Checos nas meias-finais, das medalhas e recuperaram a Espanha, eliminada pela
Bélgica nos 4.ºs de final e a melhor equipa do segundo torneio, para discutir a
Prata e o Bronze com os holandeses igualmente eliminados pela Bélgica (Meias-finais). Nesse jogo de atribuição
de medalhas, a Espanha de Zamora e Pichichi levou a melhor sobre os holandeses
por 3-1 e levaram a medalha de Prata. Curiosamente, a Holanda conseguiu a 3.ª
medalha de bronze consecutiva.
Assim: Ouro: Bélgica;
Prata: Espanha; Bronze: Paises Baixos.
Knut Herbert Carlsson (Suécia) com 7 golos foi o melhor
marcador da competição, seguido por Antonín Janda-Očko (Checoslováquia) com 6 golos e por Bernardus "Ber"
Groosjohan (Holanda) com 5 golos.
1924 (PARIS) VIII JO: A última edição do Barão de Coubertin. O crescimento dos Jogos foi evidente nesta edição com a participação de 3088 atletas de 44 paises para 19 modalidades, tendo sido construído um complexo desportivo olimpico e o Estádio Olímpico de Colombes/Yves-du-Manoir e ainda instalada a primeira aldeia olimpica. O torneio olimpico de futebol acompanhou o desenvolvimento e a modalidade ganhou uma dimensão global nunca antes alcançada noutro evento.
Nesta edição dos Jogos, em que pela primeira vez foi usado o lema olímpico Citius, Altius, Fortius (Mais rápido, mais alto, mais forte), participaram no Torneio de Futebol 22 países, 19 europeus (Itália, Espanha, Suiça, Lituânia, Checoslováquia, Turquia, Estónia, Jugoslávia, Hungria, Polónia, Suécia, Bélgica, Bulgária, França, Irlanda, Luxemburgo, Holanda, Roménia, Letónia), 1 norte-americano (USA), 1 sul-americano (Uruguai), 1 nordeste-africano (Egipto).
De registar que apesar de
bastante concorrida, esta edição não contou com a presença das equipas
britânicas (Excepto a Irlanda) em
confronto com a FIFA, da Dinamarca, Finlândia, Noruega, Alemanha (Não convidada) e Áustria. Portugal
esteve para participar mas desistiu cerca de 15 dias antes do início da
competição e já depois dos sorteios realizados onde iria defrontar a Suécia na
fase preliminar.
Numa edição de grandes expectativas e muito interesse, a Bélgica, campeã olimpica, caiu espectacularmente na segunda ronda (Derrota com a Suécia por 8-1 na “Catastrophe de Colombes”), a Checoslováquia também caiu na segunda ronda em dois jogos com a Suiça que seria a surpresa da prova (1-1/1-0) e a Espanha saiu na primeira ronda (Derrota com a Itália por 1-0).
Isto enquanto os uruguaios deliciavam o público com o seu futebol espectacular.
A carreira irresistível dos sul-americanos da “Celeste Olimpica” assombrou o
público europeu e jogadores como José Nasazzi, Héctor Scarone e José Leandro
Andrade converteram-se nos ídolos dos entusiastas parisienses que reconheciam a
superioridade uruguaia.
Nas meias-finais, as
duas surpresas da prova, Suiça e Suécia, discutiram o acesso à final que sorriu
aos suiços na vitória por 2-1. No outro jogo, o surpreendente Uruguai teve mais
dificuldades frente à Holanda mas acabou por vencer por 2-1, fruto de uma
grande penalidade mal assinalada pelo árbitro francês Georges Vallat aos 81
minutos que Scarone (antes tinha tocado a
bola com a mão) converteu. O Jornal France Soir titulou: "L'arbitre
bat la Hollande".
Para a atribuição da
Medalha de Bronze foram necessários dois jogos entre a Suécia e a Holanda e no
final os Paises Baixos não conseguiram repetir as medalhas anteriores. A Suécia
levou o Bronze (1-1/3-1).
Na Final, o Uruguai
voltou a demonstrar todo o seu virtuosismo e capacidade técnica superando a
Suiça por 3-0 e a Europa descobriu um outro tipo de futebol, começando a germinar
a ideia de uma competição mundial própria.
As medalhas ficaram
assim distribuídas: Ouro: Uruguai; Prata: Suíça; Bronze: Suécia.
Pedro Petrone (Uruguai) com 7 golos foi o melhor
marcador da competição, seguido por Max "Xam" Abegglen (Suiça)
e Sven Rydell (Suécia) com 6 golos e
ainda de Cornelis "Kees"
Pijl (Holanda), Héctor Scarone (Uruguai) e Paul Sturzenegger (Arg/Suiça) com 5 golos.
NOTA: Em 1924 o argentino Cesáreo Onzari marcou o primeiro golo de canto directo, num jogo amigável entre a Argentina e o Campeão olimpico Uruguai (2-1). Esse golo ficou conhecido por “Golo Olimpico”, não por ter sido conseguido no Torneio olimpico, mas por ter sido marcado aos campeões olimpicos.














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